A Justiça autorizou, nesta quinta-feira (30), a prorrogação por mais 30 dias da prisão temporária de Deise Moura dos Anjos, presa por suspeita de envenenar quatro pessoas da família do marido com arsênio no RS. O pedido foi da Polícia Civil.
Deise foi presa em 5 de janeiro no Presídio Estadual Feminino de Torres, com prazo de 30 dias. A prorrogação vale a partir do dia 4 de fevereiro, quando essa ordem venceria. Segundo o delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, “a liberdade de Deise coloca em risco a obtenção das provas”, e por isso a prorrogação foi solicitada.
Ela é suspeita da morte de três mulheres que comeram um bolo envenenado com arsênio no Natal, e também pelo falecimento do sogro, ocorrido em setembro de 2024.
O inquérito do caso segue em andamento. Nesta semana, o chefe da Polícia Civil, Fernando Sodré, confirmou que Deise recebeu arsênio por correio. Dados que haviam sido solicitados aos Correios mostram a da suspeita no comprovante de entrega de uma encomenda de arsênio. A investigação teve o ao recibo do pedido do veneno, feito pela internet, onde consta o nome da investigada como a receptora.
No início do mês, a polícia confirmou que Deise havia realizado consultas na internet buscando pelo veneno. O relatório inicial apontou ainda buscas feitas na internet por termos como “arsênio veneno”, “arsênico veneno” e “veneno que mata humano”. A partir disso, foram pedidos os dados aos Correios.
Investigação
Zeli dos Anjos e o marido de Deise, Diego Silva dos Anjos, prestaram depoimentos como testemunhas no último dia 20, e não são tratados como suspeitos pela polícia.
A polícia aponta que as motivações de Deise para os envenenamentos seriam desavenças familiares, ciúmes e ressentimentos, tendo a sogra, Zeli dos Anjos, como principal alvo.
Conforme a CNN, Zeli relatou que Deise a copiava no modo de vestir e se arrumar e a chamava de “Naja”. A sogra também fez um teste no Instagram que apontou características de psicopatia em Deise. Além disso, a polícia descobriu que Deise tinha uma rixa com a prima Tatiana Denize.
De acordo com os investigadores, Deise tentou manipular a família para encobrir a morte do sogro, tentando cremar o corpo e alegando que a intoxicação poderia ter sido causada por uma banana que o neto havia levado.
Em nota divulgada no dia 10 de janeiro, a defesa da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente, alega que “as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso” e que “aguarda a integralidade dos documentos
Os envenenados
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em um apartamento de Torres, durante um café da tarde, quando começaram a ar mal no dia 23 de dezembro de 2024. Apenas uma delas não comeu o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada “choque pós-intoxicação alimentar”.
A mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos (sogra de Deise), recebeu alta do hospital em 10 de janeiro. Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, ela foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. Uma criança de 10 anos, que também comeu o bolo, foi liberada na semana anterior.
Deise virou suspeita de outros envenenamentos após o corpo do sogro dela, Paulo Luiz dos Anjos, morto em setembro de 2024, ser exumado. Na análise, também foi encontrado arsênio. Em análises posteriores, o veneno também foi encontrado na urina do marido e do filho de Deise
Nota da defesa de Deise
“A defesa da acusada Deise, representada pelo escritório Cassyus Pontes Advocacia, vem se manifestar no sentido de que houve o aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos.
Desta forma, já há contato com peritos criminais particulares para avaliação da documentação oficial e notícias veiculadas pelos meios midiáticos.
Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas.
Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito.
Cassyus Pontes Advocacia”