22 de maio de 2025. Um dia gravado na alma, não por celebração, mas por luto e indignação.
Chegamos ao que resta do nosso museu, um lugar que já foi guardião da nossa história, agora violado, invadido e brutalmente vandalizado. O cenário é de uma tristeza avassaladora, um espelho da nossa alma coletiva destroçada. Este não é um desastre repentino; é a culminação de uma negligência. Um museu fechado por mais de três longos anos tornou-se um alvo fácil, uma casa abandonada esperando o golpe final. E o golpe veio pelo abandonado pelas últimas gestões do executivo e legislativo, ministério público, pois não faltaram notificações, e ainda, da justiça local que não tem entregado sentenças que coloquem fim no desmando com o patrimônio cultural.
A avaliação gela o sangue, cortando como vidro quebrado: cerca de 30% do nosso acervo permaneceu. rinta por cento! Pense nisso. Setenta por cento foi levado, disperso ou simplesmente destruído. O que não está espalhado em alguma secretaria, foi perdido para sempre. Uma boa parte da coleção arqueológica, por um milagre que mal conseguimos processar, se manteve. Mas e o resto? As peças que contavam as histórias menos antigas, mas igualmente vitais? Os objetos que ligavam gerações, que davam rosto e voz à nossa identidade? Foram arrancados, levados embora, apagados.
Cada peça perdida não é apenas um objeto; é um fragmento da nossa memória, um pedaço da nossa herança, um elo na corrente da nossa cultura. A invasão e o vandalismo não atingiram apenas um prédio; atacaram o coração pulsante da nossa comunidade.
A tragédia para a cultura local é imensurável. É um golpe profundo, devastador. Perdemos mais do que itens; perdemos referências, perdemos narrativas, perdemos partes insubstituíveis de quem somos. Como contaremos nossa história às futuras gerações sem as evidências físicas que a sustentavam? Como nos reconheceremos sem os espelhos do ado que estavam guardados ali?
Ficamos mais pobres, mais vazios, sem um pedaço da nossa alma. A presença do Centro de Estudos Históricos de Torres no local, através de dois de seus associados, documentou e testemunhou catástrofe. A proposta de um plano de “tutela em conjunto” parece um curativo pequeno demais para uma ferida mortal. O que farão com os 30% que restaram? E os 70% que foram roubados de nós, da nossa cidade, da nossa história?
Este não é apenas um relatório de danos. Este é um lamento. Um grito de dor por uma cultura ferida de morte. Muito triste, sim. É a tristeza de ver nossa própria história ser vandalizada e levada embora sob nossos olhos.
*Colaborador do Ponto de Cultura Centro de Estudos Históricos de Torres